"Uma coisa que vinha acontecendo comigo é muito sintomática: como a própria análise vinha se transformando numa DR, eu instintivamente imaginava um interlocutor para as coisas que estavam acontecendo lá. Era meio imprevisível. Vinha um pensamento assim: 'Eu preciso falar sobre isso...' Mas 'isso' era alguma coisa (ou fala) que tinha acontecido lá, na sessão. E, ao sentir necessidade de falar, o interlocutor é como se fosse o analista, mas um outro, sempre outro, que me ouvisse, outro que eu não sei quem é, supostamente alguém que ocupe esse lugar da escuta psicanalítica. Nunca o complemento da frase, com quem?, era a minha analista. Essa situação se intensificou nos últimos dias, a ponto de eu proclamar para mim mesma, esta semana, o direito ao silêncio, porque não aguentava mais falar, falar, falar... e continuar sentindo necessidade de ser ouvida."
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