Voltava para casa no conforto do ônibus
que descia engrenado a serra, engrenado e firme, atributos que a passagem mais cara
comprou. Observava os veículos que ultrapassavam ― como, na soma das
velocidades, eles pareciam mais lentos do que estavam. Os modelos mais modernos
têm rodas cujo design dão uma estranha suavidade à impressão visual do
movimento: o carro desliza no asfalto, roda macio. Nunca entendi o fenômeno
físico envolvido na ilusão de ótica das rodas do carro, que parecem não estar
girando tão depressa quanto estão. O fato é que há muitos carros, macios ou
enferrujados, rodando ao mesmo tempo. É que a indústria automobilística do país
(montadoras) não pode parar, senão a economia desaquece e o desemprego sobe. E
como são muitos, indo na mesma direção, olhados à certa distância fazem lembrar
baratas.
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