sábado, 5 de maio de 2012

Alexei Bueno: testamento poético

Quem versos com eu fiz
Fez, pode sossegado
Dormir, sentindo o intenso
Prazer de se ser vivo.

Quem tal como eu cantou
O que não passa no homem,
Medo não tem que o tempo,
Passando, o não mais passe.

Pois quando o divino ar
Não mais, como foi sempre,
Entrar pelo meu peito,
Aos homens falarei

Ainda, qual o espectro
Dos mortos, e assim ouso
Calmo dormir, enquanto
Minhas palavras velam.

BUENO, Alexei. Poemas gregos. Poesia reunida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003, p.175-176.

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