Começar um texto ― a dizer alguma coisa ―pela negação é o modo de ser mais fiel às formas de representação de um
dado saber. Porque a negação é certa. Numa sessão de análise, quantos silêncios
rodeando a necessidade de (não) dizer!, o que não deixa de justificar o ritual.
Há uma ideia prévia de fala. E, no entanto, o que é dito costuma passar longe.
Há diferentes formas de exposição de si que uma pessoa pode (ou não) considerar
aceitável. Um dos problemas da psicanálise é este: até que ponto a pessoa
suporta a exposição, e se o ritual funciona quando a exposição fica aquém de um
limiar qualquer que dispara o mecanismo da troca, ou transferência. Aqui,
mediante a palavra escrita, envolta numa aura de anonimato e nulidade, a
exposição é menos invasiva, mais contingente.
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