segunda-feira, 23 de julho de 2012

relendo grande sertão: veredas (XXXI)

Num dos diálogos entre o bando de Zé Bebelo e os moradores do estranho povoado dos catrumanos, Zé Bebelo enuncia um dos motes centrais de Grande sertão: veredas ― a exclusão que resiste aos grandes e sucessivos projetos de integração:

― “O que mal não pergunto: mas donde será que ossenhor está servindo de estando vindo, chefe cidadão, com tantos agregados e pertences?”
― “Ei, do Brasil, amigo!” ― Zé Bebelo cantou resposta, alta graça. ― “Vim departir alçada e foro: outra lei ― em cada esconso, nas toesas deste sertão...”

ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p.403.

Há um Brasil esconso, misterioso e limítrofe, que parece zombar dos projetos de integração. Zé Bebelo é e não é isso, porque atesta um pertencimento ao Brasil sem nunca ter pisado no litoral. 

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