terça-feira, 18 de setembro de 2012

Miguel Marvilla


TODAS AS COISAS DIFÍCEIS

Ninguém pensa impunemente
numa escrita permanente
da vida que se levou.
Há sempre sob o lençol
um corpo irreconhecível
em seu próprio imaginário:
um aquário cheio de bile,
peixes nadando ao contrário.

Resvalando nos silêncios,
o que aflora à superfície,
depois do mundo acabado,
é noite sem lua dentro:
todas as coisas difíceis
que foram postas de lado.

A parte que nos toca: literatura brasileira feita no Espírito Santo (Org. Miguel Marvilla e Reinaldo Santos Neves). Vitória: Florecultura, 2000, p.157.

Nenhum comentário:

Postar um comentário