Há um momento, entre o sono e a vigília, que tem me
surpreendido ultimamente. Estou caindo de sono, com um livro nas mãos ― no momento A lua vem da Ásia ―,
e ainda penso que leio. Então os olhos começam a cerrar-se sobre um parágrafo
que nunca mais termina, enquanto imagens estranhas atravessam minha mente como
se fossem choques, pois volto a despertar imediata e instantaneamente,
surpreendida, embora tenha demorado a percebê-lo assim, pelo conteúdo dos
sonhos que está a penetrar a vigília. Os sonhos cabem na inconsciência do sono,
e por isso a sensação de choque. São imagens e sensações estranhíssimas, que
não conseguem encontrar expressão e vazão na linguagem e em sua arquitetada
sintaxe. Vencida pelo sono, deixo o livro e procuro uma posição confortável
para dormir, imaginando o que irei vivenciar enquanto o eu da vigília estiver
ausente, praticamente sem conseguir ter acesso a isso, pois que vigilante,
pela manhã, o eu volta e intercepta o que poderia chocar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário