Restou-me, dos grandes ideais com que me construí,
trabalhar. Uma canção de Chico Buarque fala da distância
entre intenção e gesto. Quase um abismo, se o fator tempo se inserir entre
ambos. Que tenho eu em comum com a adolescente que fui, exceto habitarmos um corpo
que nem ao menos pode ser chamado de mesmo? Há mais descontinuidades que qualquer
coisa na linha imaginária de uma vida. Trabalho não como quem alimenta seus
ideais de juventude, mas para obter o alimento com que poderei continuar ―
trabalhando, vivendo... num estilo se possível minimalista. Restou-me também
escrever, e este é o contraponto que reconheço como pertencimento a mim mesma, e ao mundo.
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