A minha ingenuidade parece mesmo incurável, e quase
tendo a vê-la como um defeito. Sequer parece haver antídoto ou vacina para ela.
Não adianta eu me precaver ou me prevenir para não parecer ou ter atitudes
ingênuas. A prevenção cria um artifício frágil que, ao erigir-se em moldurada da ação, deixa brechas por onde a inevitável vida aflora, emerge, e aí percebo que
foi vã a tentativa de não ser (ou parecer) ingênua. Não há saída. Talvez seja
possível fazer da ingenuidade uma possibilidade de doçura e bondade, em vez de
tentar esmagá-la sob o imperativo de ser sempre esperto, veloz e capaz ― “sempre
alerta”. O espírito de escoteiro é questionável exceção de acampamento. Não gostaria de ser ingênua (parecer já é outra coisa), mas intuo que pouco disso está sob controle.
Talvez seja mesmo ingênuo achar que está.
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