domingo, 27 de janeiro de 2013

paisagem do silêncio

Atender ao telefone é receber uma visita inesperada. Porque se trata de uma voz, um diálogo, uma interlocução que estão pedindo passagem para a casa-paisagem que o eu ocupa, num momento em que a paisagem pode estar bastante ocupada, inclusive com não ser eu. Quando ouço o telefone tocar, nem sempre estou podendo efetivamente falar ― e secundariamente falar com aquele interlocutor, naquele contexto. Alguma coisa em mim diz não, não posso agora. O silêncio tem-se me tornado sagrado, e acho que o eu precisa respeitar a paisagem de seu silêncio. Isso também é uma forma de arte.
Richard Long, Sahara Line, 1988

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