A
morte de Ivan Ilitch é um livro que se lê devagar ― devagar no
sentido da expectativa de leitura e do(s) sentido(s) do que está sendo narrado.
Esse sentido vai chegando sem alarde, e nunca chega de todo, como se a leitura
continuasse depois de finda a narrativa e a vida de Ivan Ilitch. Tudo é muito
doloroso, morte e vida compõem o mesmo teatro hediondo que causa horror a Ivan
Ilitch no final trágico de sua vida, vida que trazia a morte em embrião: “Quando
ele viu de manhã o criado, depois a mulher, em seguida a filha, o médico, cada
um dos movimentos deles, cada uma de suas palavras confirmavam para ele a
terrível verdade que se revelara naquela noite. Via neles a si mesmo, tudo
aquilo de que vivera, e via claramente que tudo aquilo era não o que devia ser,
mas um embuste horrível, descomunal, que ocultava
tanto a vida como a morte.” (TOLSTÓI, Lev. A
morte de Ivan Ilitch. Trad. Boris Schnaiderman. São Paulo: Editora 34,
2009, p.72).
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