O programa ontem era ir ao cinema com a amiga. Das
muitas opções em cartaz, escolhemos Django, pelo quesito “onde está passando” e
mais os óbvios motivos. Django me atarantou, me deixou tonta, me obrigou a
esconder o rosto em mais de uma cena de violência. Um filme terrível, não
importa se se conheçam ou não as referências com que o diretor está dialogando.
Talvez por isso eu tenha amanhecido hoje mal, fisicamente, espirrando, com uma
virose nauseante que foi ganhando força ao longo do dia. Não foi uma boa
pedida, ainda mais que minha amiga quis se sentar nas fileiras da frente, a
tela era imensa, me obrigando a malabarismos para captar a legenda e a cena. Felizmente
houve outra cena, quando entrava no shopping. Um monge, trajado a caráter,
vendia alguns livrinhos, e se acercou de mim. Perguntou-me se eu era daqui ou
de fora. Disse-lhe que todos nós somos de fora, com o que ele concordou. Mas
insistiu na pergunta e eu disse que não era do Rio mas morava aqui. Então
escolhi um dos quatro livrinhos e perguntei quanto era. Ele disse que eu
poderia dar uma contribuição. “Quanto?” “Do tamanho do seu coração.” Eu ri e disse que assim ficava difícil, porque
não sei estimar o tamanho do meu coração ― menos ainda ali na pressa: estava
sol, e eu queria entrar logo, para mais uma viagem capitalista àquele templo do
consumo. Saquei da carteira uma importância que não desmerecesse o tamanho do
meu coração, mas fiquei desconfiando que ele é instável, mesquinho, depende do outro
coração que está frente a mim.
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