quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

finalzinho da tarde

Um temporal surpreendeu ontem quem estava na cidade. Eu estava a própria Macabéa: fazendo chover e dentro de uma loja de ferramentas. Quando a chuva deu trégua, saí em busca de uma lanchonete, haja vista a dificuldade de retornar para casa ou qualquer lugar naquele momento, depois da água toda que caiu ― mas, ao mesmo tempo, que chuva, suavizando o contorno de um dia excessivamente quente e intenso. Então aconteceu uma coisa que não é inédita comigo naquela geografia: seja pela confusão do momento, seja pelo que ia comigo, eu saí mais ou menos em direção à rua da Colombo, alternativamente a rua do Rosário, no outro lado da Rio Branco, e fui andando, me orientando pelo que conheço do centro da cidade, mas pouco depois percebi que havia retornado ao ponto de que parti, nem mais nem menos, pela mesma rua. Seria redundante dizer “sem percebê-lo”. Não é, porque nada ilude e confunde mais que a aparência que as coisas por vezes tomam. Elas me diziam que eu estava indo para algum lugar, embora faltassem referências mais concretas sobre os lugares que eu tinha em vista, e mesmo a determinação firme de chegar até eles. Sobretudo as aparências, travestidas de evidências, me diziam que eu estava seguindo em frente, progredindo, não desenhando com meus passos um círculo. Percebido o círculo, não havia nada mais a fazer senão rir e começar de novo, agora prevenida das armadilhas daquela geografia. Há tanta bobagem que se diz em torno do errare humanum est.

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