sábado, 23 de fevereiro de 2013

Mário Quintana (a falsa verdade desses versos não esconde o pertencimento do poeta, num sutil jogo de contrastes)

Eu nada entendo da questão social.
Eu faço parte dela, simplesmente...
E sei apenas do meu próprio mal,
Que não é bem o mal de toda a gente,

Nem é deste Planeta... Por sinal
Que o mundo se lhe mostra indiferente!
E o meu Anjo da Guarda, ele somente,
É quem lê os meus versos afinal...

E enquanto o mundo em torno se esbarronda,
Vivo regendo estranhas contradanças
No meu vago País de Trebizonda...

Entre os Loucos, os Mortos e as Crianças,
É lá que eu canto, numa eterna ronda,
Nossos comuns desejos e esperanças!...

Mário Quintana. Canções seguido de Sapato florido e A rua dos cataventos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p.193.

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