A prática mais ou menos regular de atividade física ―
caminhada e natação ― trouxe-me inúmeros benefícios. Não sei se por efeito ou
força disso, eu me percebi mais alheia ao mundo, às coisas, às pessoas. Creio
que se intensificou, antes, uma transformação que vinha em curso lento e quase
imperceptível, um movimento desde sempre meu, remontando à infância. O mantra tomado de empréstimo a Álvaro de Campos:
“Fique eu só com o grande sossego de mim mesmo / É um universo barato”. Só com o grande sossego de mim mesmo(a). Quanta coisa neste verso elíptico, em que
o eu e seu reflexo (mim mesmo) miram-se sossegadamente. Sobretudo isso: o
grande sossego advém também de ser um universo barato.
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