Não sei se é possível comentar Queime Depois de Ler, dos irmãos Coen, sem incidir
em reducionismos: as aparências enganam, mas é a única coisa de que as
personagens parecem se valer, a única coisa que elas têm para se orientar no caos dos
acasos que vão modificando suas rotinas. Os mais astutos passam recibo de
idiotas, otários, até mesmo ingênuos. E os aparentemente ingênuos, como a
escritora de livros infantis, chegam a ser detestáveis, revelando-se tão vulgares
quanto as personagens emaranhadas nas tramas fakes de espionagem e suspense. Ninguém se salva, e praticamente
todos se dão mal. O antídoto parece ser o humor, a capacidade de fazer rir do
que é ridículo, mas que só pode ser entrevisto com certo distanciamento.
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