quarta-feira, 3 de abril de 2013

Dora Ferreira da Silva

O ESTRANGEIRO

Na horta, revolvo a terra.
Entre raízes ávidas
me curvo.

Anunciam-te: o hóspede,
o totalmente outro, o antípoda.

As mãos sujas de terra,
mergulho-as na fonte. Nas águas,
refletida, a face que fulgura.

Desvio o olhar ferido.
Para sempre morta
a tudo que não sejas.

Dora Ferreira da Silva. Poesia reunida. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999, p.104.

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