domingo, 16 de junho de 2013

Herberto Helder: um idioma sem gramática (para o domingo)

A alimentação simples da fruta,
a sabedoria infusa,
as constelações ao alto zoológicas arquejando, brutais
animais vivos, e à mesa de súbito o ar deslocado nas palavras, como se
por cima do ombro respirasse a memória
assimétrica do mundo, e um idioma sem gramática,
uma rápida música descentrada,
fundassem tudo, e depois corressem
o bafo e o fogo.

Herberto Helder. Ofício cantante. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009, p.515.

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