Reportagem da revista Época (versão impressa) da semana passada anuncia que “Somos todos
vigiados” e, logo de saída, convida um engenheiro especialista no assunto para
dizer que “A única saída, neste momento, seria parar de usar a internet.” O
fato de sermos vigiados não é nenhuma novidade. Na versão impressa, evitou-se o
agente da passiva, mas não na digital. O agente da passiva do momento, digo, o
espião, é o governo americano, mas eu, por exemplo, já fui vigiada por meus
pais, pela Igreja, pela escola, depois pela sociedade, pelos amigos, e, numa etapa
seguinte, pelo que vou chamar aqui de “ambiente de trabalho”. Estou casca e
fruta prontinha para ser espionada pelo Google. Porque o aprendizado daqueles
mecanismos foi tão intenso e eficaz (família, escola, religião, sociedade...)
que o espião nem mais se faz necessário: está em mim. E eu já tenho o contra-aprendizado:
conheço-o melhor do que ele a mim.
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