sexta-feira, 19 de julho de 2013

Mad Max


Um colega da filosofia, outro, falava da intenção de exibir Mad Max como ilustração da tese de Hobbes sobre o estado de natureza, creio que o terceiro filme da sequência. Resolvi rever a trilogia, e para minha surpresa achei o terceiro filme, talvez o que mais prometesse, inclusive pela atuação conjunta de Tina Turner, o mais fraco — o correto seria dizer irregular. Mas o fato é que o estado de natureza está lá, progressivamente se instaurando à medida que a violência avança sobre a vida das personagens. O primeiro filme, futurista, é convencional, à moda do herói romântico justiceiro, e mostra a gênese da personagem, que vai aparecer com um etos diferente na sequência da trilogia. Esta, ao adotar uma perspectiva pós-apocalipse, torna possível observar, sobre as pessoas, o efeito do retorno ao estado de natureza. A sombra do herói (Mel Gibson) não desaparece, mas as relações são apenas e unicamente a guerra contínua pela sobrevivência — individual ou em pequenos grupos — sempre baseados na dominação e na violência. A exceção é a pequena comunidade edênica que surge no terceiro filme, sem dúvida seu ponto fraco, fraquíssimo, porque não é um contraponto convincente ao inferno de Batertown, governado por Tina Turner, parecendo antes os eternos meninos da terra do nunca. No conjunto da trilogia, o herói torna-se anti-herói, nômade, errante, solitário, e a moeda de troca para a sobrevivência, de todos, torna-se a própria troca em si — o que cada um tem a oferecer em troca da vida, no limite a própria vida. 

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