sábado, 10 de agosto de 2013

Georg Trakl

CALMA E SILÊNCIO

Pastores enterraram o sol na floresta nua.
Um pescador puxou
a lua do lago gelado em áspera rede.

No cristal azul
Mora o pálido Homem, o rosto apoiado nas suas estrelas;
Ou curva a cabeça em sono purpúreo.

Mas sempre comove o voo negro dos pássaros
Ao observador, santidade de flores azuis.
O silêncio próximo pensa no esquecido, anjos apagados.

De novo a fronte anoitece em pedra lunar;
Um rapaz irradiante
Surge a irmã em outono e negra decomposição.

George Trakl. De profundis e outros poemas. Trad. Claudia Cavalcanti. São Paulo: Iluminuras, 2010, p.53.

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