domingo, 20 de outubro de 2013

Paulo Henriques Britto

POÉTICA PRÁTICA

A realidade é um calhamaço insuportável? 
Tragam-me então resumos.
 
A vida que se leva é um filme inassistível?
 
Vejamos só os anúncios.

São os limites do corpo intrusões malignas 
de um demiurgo escroto?
 
O corpo não é preciso, e o espírito é
 impreciso: 
eu não é um nem outro.

Anda inconveniente a tal da poesia, 
a significar?
 
Nada como um bom significante vazio
 
para abolir o azar.

Paulo Henriques Britto. Formas do nada. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 18.

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