Ouvi falar do filme Incêndios numa entrevista da atriz Marieta Severo, quando comentava
a adaptação teatral da peça de mesmo nome, no teatro Poeira. A atriz enfatizava
de tal forma a força dramática da peça de que foi adaptado o filme que
não havia outro jeito senão assisti-lo. O filme, uma história trágica, é
desconcertante, e pede uma segunda visada. Há o contexto contemporâneo, um país
em guerra civil, e um fundo mitológico de que o espectador pode suspeitar ao
perceber as marcas feitas no pé de um recém-nascido, filho da protagonista, Nawal
Marwan, que dela será tirado e cuja busca acaba sendo o fio condutor da
trama, contada em dois planos, a busca dela e a busca de seus dois
filhos pelo passado enigmático que ela lhes lega no testamento. A cena inicial
de Incêndios traz o desamparo
estampado no rosto de meninos. Esse desamparo, ao final, vai justificar o
perdão possível.
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