domingo, 22 de fevereiro de 2015

a morte (sentimentos confusos)

A morte desafia as definições bem assentadas de dicionário. Ela é um incômodo, um desconforto, um espinho fisgando a carne e afetando a alma. Uma dor, sobretudo, um fantasma rondando a lembrar que o fim de todos é debaixo da terra, roídos por vermes e sem agasalho ou proteção em noites de chuva. Alguma coisa da vida ou da consciência sobrevive à morte física, orgânica, à morte do corpo? Se sim, haverá horror maior que morrer? Claro que há: o catálogo de horrores desse mundo aquém-túmulo parece infindável e inesgotável, mesmo porque a imaginação humana não cansa de buscar excitação em fantasias macabras e aterrorizantes. Mas a morte não pertence ao domínio das monstruosidades fabricadas pelo homem, que não obstante estão intrinsecamente ligadas a ela. A morte, primariamente, pertence ao domínio da natureza. Não pode ser evitada. E dói, como se fizesse parte da vida. 

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