sexta-feira, 31 de julho de 2015

...que seria do amarelo?

Sou essencialmente melancólica — a vida me parece quase sempre um circo trágico. Ao mesmo tempo, coexistindo com isso, tenho um senso de humor constante, que me faz rir do que em princípio poderia parecer sem graça. Exemplo? Certas passagens de Machado de Assis, como esta, de “O alienista”: “Verdade é que, se todos os gostos fossem iguais, o que seria do amarelo?” Machado está falando de uma coisa séria, e de repente introduz uma comparação que quebra a seriedade do tema e confirma a falta de sentido da ciência do alienista, comparação que é, também, muito próxima do senso comum. Deve ser isso que faz rir, produz a comicidade. E também imaginar o próprio Machado escrevendo isso, pilheriando com o leitor.

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