Sou essencialmente melancólica — a vida me parece
quase sempre um circo trágico. Ao mesmo tempo, coexistindo com isso, tenho um senso
de humor constante, que me faz rir do que em princípio poderia parecer sem
graça. Exemplo? Certas passagens de Machado de Assis, como esta, de “O
alienista”: “Verdade é que, se todos os gostos fossem iguais, o que seria do
amarelo?” Machado está falando de uma coisa séria, e de repente introduz uma
comparação que quebra a seriedade do tema e confirma a falta de sentido da
ciência do alienista, comparação que é, também, muito próxima do senso comum. Deve
ser isso que faz rir, produz a comicidade. E também imaginar o próprio Machado
escrevendo isso, pilheriando com o leitor.
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