sábado, 26 de setembro de 2015

Paulo Henriques Britto

SONETILHO DE VERÃO

Traído pelas palavras.
O mundo não tem conserto.
Meu coração se agonia.
Minha alma se escalavra.
Meu corpo não liga não.

A ideia resiste ao verso,
o verso recusa a rima,
a rima afronta a razão
e a razão desatina.
Desejo manda lembranças.

O poema não deu certo.
A vida não deu em nada.
Não há deus. Não há esperança.
Amanhã deve dar praia.

Paulo Henriques Britto. Trovar claro. 2.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p.81.

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