Ontem foi dia dos mortos. Saí para a caminhada
habitual, a recomendada pelos médicos, de fim de tarde. A chuva (também) habitual da
data começou enfim a cair, no momento em que saía. Sendo pouca, prossegui. Mas
logo engrossou, assumiu ares de chuva de finados. Não recuei. Ao contrário,
deixei que a chuva me lavasse e quem sabe levasse um pouco da ansiedade, da
respiração opressa. Já quando retornava, quase chegando em casa, me dei conta
de que aquela mesma chuva estará um dia encharcando o chão onde estarei enterrada.
E senti um enorme sufoco, uma falta de ar, e desejei viver, continuar vivendo,
simplesmente, por muito tempo, enquanto a mim isso for concedido.
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