quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

João Cabral de Melo Neto

DUPLICIDADE DO TEMPO

O níquel, o alumínio, o estanho,
e outros assépticos elementos,
ao fim se corrompem: o tempo
injeta em cada um seu veneno.

A merda, o lixo, o corpo podre,
os humores, vivos dejetos,
não se corrompem mais: o tempo
seca-os ao fim, com mil cautérios.

MELO NETO, João Cabral. Museu de tudo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009, p.105.

Nenhum comentário:

Postar um comentário