Há coisas fáceis de abandonar: um blog, uma conta em
rede social, uma roupa usada, um livro, até mesmo uma profissão. Uma pessoa
pode abandonar também suas convicções, quando estas se mostram inúteis ou
perdem a relevância. É possível abandonar pessoas — vale dizer, afetos — em
relações de diferentes matizes, quando essas pessoas ou relações já não nos
dizem nada, ou fazem mal. Mas será possível abandonar um ódio profundo, mortal?
A fé em um deus pode ser abandonada sem consequências? Dito de outra forma: o
ódio, a fé podem ser mais fortes que o desejo de abandoná-los? Se sim, na
verdade são eles que não nos abandonam.