sábado, 22 de agosto de 2015

Cecília Meireles: "De que alma é que vai ser feita / essa humanidade nova?"

Ambição gera injustiça.
Injustiça, covardia.
Dos heróis martirizados
nunca se esquece a agonia.
Por horror ao sofrimento,
ao valor se renuncia.

E, à sombra de exemplos graves,
nascem gerações opressas.
Quem se mata em sonho, esforço,
mistérios, vigílias, pressas?
Quem confia nos amigos?
Quem acredita em promessas?

Que tempos medonhos chegam,
depois de tão dura prova?
Quem vai saber, no futuro
o que se aprova ou reprova?
De que alma é que vai ser feita
essa humanidade nova?

Cecília Meireles. Romanceiro da Inconfidência. 9.ed. São Paulo: Global, 2012, p.164. Trecho do “Romance LIX ou Da reflexão dos justos”.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Orides Fontela

ADVENTO

Deste templo múltiplo
o que nascerá?

Da onda
rítmica
amplitude
da intensidade
amorfa
ritmicamente esfacelada

do múltiplo que um
mais que tempo virá
e que luz haverá além
do tempo?

FONTELA, Orides. Poesia reunida. São Paulo: Cosac Naify: Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006, p.66.

quem o colocou lá?

De mais de um interlocutor, ouvi que Cunha é um mal necessário. Ai de nós, a precisarmos de males dessa envergadura.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

antes tarde

A queda de Cunha era questão de tempo. Figuras como ele são eficientes para agir nas sombras, não na linha de frente. Ainda mais com a megalomania que sempre o acompanhou, acima de qualquer limite de prudência. Em ambiente democrático, não há espaço para os superpoderosos. Tanto assim, que um dos truques históricos da mídia, quando quer marcar um inimigo, é superestimar seus poderes. O sujeito entra na marca de tiro, torna-se alvo não só de jornais como de outros poderes.”