Travei contato com Paulo Roberto Sodré quando trabalhei na UFES como professora substituta (a par do mestrado que se findava). Como eu era de fora (havia feito a graduação em outro lugar), aos poucos fiquei sabendo da fama. Diziam-me colegas e alunos: não, você perdeu, você não sabe o que é uma aula do Sodré. De fato, não tive esse prazer. Fiquei sabendo que ele era/é medievalista apaixonado. Mas um dia eu entendi por que os alunos falavam daquele modo. Houve um problema no departamento, eu me agastei e comecei a chorar. Ele estava perto, aliás era a única pessoa por perto, e imediatamente acolheu aquilo, e foi buscar um copo d'água (já perdi a conta das pessoas que gentilmente foram me buscar água sempre que). O curioso é o que se passou dias depois: encontrei com ele na sala dos professores e ele, surpreendentemente, veio se desculpar por ter me abraçado naquela situação, justificando que eu era uma pessoa reservada. Nunca, até então, me havia passado pela cabeça que alguém pudesse se desculpar por ter sido gentil. E é um pouco assim que a gente aprende a gostar de poesia. A fineza da percepção. De certa forma, eu é que estou em falta por não conhecer a obra dele. Falta de que em parte me eximo ao contornar o bloqueio da reserva e falar de um acontecimento que só lisonjeia as personagens envolvidas. Não tenho talento para dizer isso em versos. É uma pena.
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