Eu havia acabado de passar no mestrado em Estudos Literários na Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo). No dia em que recebi a notícia, comprei na banca em frente à universidade o livro Infância, de Graciliano Ramos, e registrei: Vitória, 27-03-02, após minha assinatura. Muita coisa estava ficando para trás. E muita coisa estava acontecendo naquele gesto simples de comprar o livro Infância e marcá-lo com a palavra Vitória, nome da capital do meu estado, Espírito Santo. Um rio subterrâneo fluindo, deixando-me finalmente na minha terceira margem, de onde se abriu em leque minha existência, com toda a dor e medo e sofrimento que tal abertura pode comportar. Mas também com uma alegria íntima de saber que eu estava conseguindo. Conseguindo o quê? Não sei. Apenas sei que estava conseguindo, como sabia de forma pouco palpável no momento, ao comprar o livro.
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