Nos pastos de minha infância, deparava-me com uma planta mui graciosa,
conhecida popularmente como dormideira ou sensitiva. Era do tipo herbácea,
crescia pouco. A graça estava nas flores, que a um leve toque se fechavam.
Gostei quando descobri seu nome científico, traía muita coisa de feminino. Pois
bem. Ao justificar meu silêncio a uma amiga mais do que querida, lembrei-me da
tal plantinha, dizendo-me no momento uma sensitiva ao contrário: reagindo a
estímulos. Passiva, portanto. E uma estranha paz me invadiu. Não sei se paz e
passividade têm mais em comum além da sonoridade, mas os pastos da infância
dizem-me que os amigos, por serem tais, vão entender o silêncio, o laconismo
recente, porque chega uma hora que o afeto fala por si: não é necessário ficar
dando mostras, basta apenas estar presente, mesmo à distância, mesmo ausente. A
vida de cada um tem demandas próprias, é imperiosa. E escrever continua-me imperioso,
aqui meu silêncio entorna em palavras cujo único estímulo parece ser mesmo a
necessidade de escrever, de atuar no mundo pela linguagem. Pretensão? Não,
escrevo do mesmo modo como tocava aquelas flores (ainda as estou tocando), e as
palavras, ao meu toque, se abrem.
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