O que mais surpreende na blogosfera, e que justifica em última instância ter um blog, é o inesperado de uma fala, que ademais parece querer antes o enigma ― reviro suas páginas como se, ao fazê-lo, revirasse os dias de uma existência que não me alcança de fato, e ainda assim volto aqui e bato à porta e me pergunto. É possível pensar este verbo em sua intransitividade, quando pronominal: perguntar-se. Bato à porta do território adrede desarrumado da linguagem e me pergunto. E como um ritual já consagrado e incorporado, corto periodicamente os cabelos, como se daí pudesse advir alguma liberdade: os cabelos deixados para trás corporificam aquilo que pouco pertence a mim, de que preciso me desfazer para que possa mais livremente me perguntar.
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