o lado mais frágil da existência

Tenho uma amiga que tem o dom da palavra, o que é menos comum do que se imagina. A cada vez que a encontro consigo saber um pouco mais de mim, o que é outro modo de dizer que consigo saber mais do mundo. E não posso deixar de considerar um achado, um privilégio, ter conseguido construir uma amizade assim. Da última vez em que estivemos juntas, conversávamos sobre o ritual dos aniversários, porque eu completava anos naquele dia, e havia decidido fazer diferente. Atenta a um movimento subjetivo que não é recente, a data ― que é uma passagem, a  cada ano diferente ― foi perdendo para mim a necessidade de estar em cena, na cena dos outros, para melhor exprimir. Foi deixando de ser encenação de um “eu” que... ― tudo isso é muito complicado de dizer, e há sempre o perigo de as palavras não alcançarem aquele ponto delicado em que as coisas fazem enorme sentido para nós mesmos. E por isso pude perceber a força expressiva do que minha amiga disse, me compreendendo mais do que eu mesma: a gente já passou dessa fase mais frágil da existência.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

sobre a(s) experiência(s)

A nossa civilização vive um momento de, digamos, um liberalismo excessivo, uma overdose de liberalismo. No plano individual, é mais do que sabido que todo mundo e qualquer um faz o que bem entender da própria vida, apenas assumindo o pressuposto básico de que isso é ao mesmo tempo uma prerrogativa individual e de todos. Mas, como a gente às vezes acaba senso mais indivíduo que coletivo, mais solidão que multidão, é bom saber que na hora de cair pode não haver qualquer rede, ou haver, mas frágil, e não sustentar a queda.

Em tempo: estou reencontrando o prazer de ler, o prazer da boa literatura, no romance de Ricardo Piglia, Respiração artificial.

bob dylan: the 30th anniversary concert

a versão tupiniquim não traz o excelente momento da belíssima my back pages... 
no blog enquanto o youtube permitir... a gangue toda em grande estilo

terça-feira, 7 de agosto de 2012

ricardo piglia: respiração artificial

“Estou convencido de que nunca nos acontece nada que não tenhamos previsto, nada para o que não estejamos preparados. Couberam-nos tempos ruins, como a todos os homens, e é preciso aprender a viver sem ilusões.”

Ricardo Piglia. Respiração artificial. Trad. Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia de Bolso, 2010, p.22.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

twjam

Ás vezes tudo fica delicado demais, e começa a não fazer mais sentido.