sábado, 11 de agosto de 2012
o lado mais frágil da existência
Tenho
uma amiga que tem o dom da palavra, o que é menos comum do que se imagina. A
cada vez que a encontro consigo saber um pouco mais de mim, o que é outro modo
de dizer que consigo saber mais do mundo. E não posso deixar de considerar um
achado, um privilégio, ter conseguido construir uma amizade assim. Da última vez em
que estivemos juntas, conversávamos sobre o ritual dos aniversários, porque eu
completava anos naquele dia, e havia decidido fazer diferente. Atenta a um
movimento subjetivo que não é recente, a data ― que é uma passagem, a cada ano diferente ― foi perdendo para mim a
necessidade de estar em cena, na cena dos outros, para melhor exprimir. Foi deixando
de ser encenação de um “eu” que... ― tudo isso é muito complicado de dizer, e
há sempre o perigo de as palavras não alcançarem aquele ponto delicado em que
as coisas fazem enorme sentido para nós mesmos. E por isso pude perceber a
força expressiva do que minha amiga disse, me compreendendo mais do que eu
mesma: a gente já passou dessa fase mais frágil da existência.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Magro Waghabi (†) - Canto dos Homens (MPB4)
nota de falecimento no site do grupo. o lamento é de todos.
sobre a(s) experiência(s)
A nossa civilização vive um momento de, digamos, um
liberalismo excessivo, uma overdose de liberalismo. No plano individual, é
mais do que sabido que todo mundo ― e qualquer um ― faz o que bem entender da própria
vida, apenas assumindo o pressuposto básico de que isso é ao mesmo tempo uma
prerrogativa individual e de todos. Mas, como a gente às vezes acaba senso mais
indivíduo que coletivo, mais solidão que multidão, é bom saber que na hora de cair
pode não haver qualquer rede, ou haver, mas frágil, e não sustentar a queda.
Em tempo: estou reencontrando o prazer de ler, o
prazer da boa literatura, no romance de Ricardo Piglia, Respiração artificial.
bob dylan: the 30th anniversary concert
a versão tupiniquim não traz o excelente momento da belíssima my back pages...
no blog enquanto o youtube permitir... a gangue toda em grande estilo
terça-feira, 7 de agosto de 2012
ricardo piglia: respiração artificial
“Estou convencido de que nunca nos acontece nada que
não tenhamos previsto, nada para o que não estejamos preparados. Couberam-nos
tempos ruins, como a todos os homens, e é preciso aprender a viver sem ilusões.”
Ricardo Piglia. Respiração
artificial. Trad. Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia de Bolso, 2010, p.22.