Que ausência nova é esta, em que me percebo distante
de mim? E cansada, muito cansada, talvez também de mim, de ser alguém que
comparece como “eu” diante de um “tu”, um “ti”, um “você”. “Meu tempo é quando”,
disse o poeta. Mas ainda posso falar de um tempo que me pertença? Tenho eu alguma coisa além do pálido contorno com que me defino e afirmo? Parece-me que
tenho bem pouco ― palavras como “tempo”, “eu”, “cansaço”. E liberdade de
usá-las, inclusive a que acabo de escrever, e com a qual escrevo estas e muitas
outras coisas, inúteis e vãs.
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