Na primeira “Elegia de Duíno”, o poeta diz que os
vivos cometem, todos, “o erro de distinguir em demasia.” Há dias pensava num
modo de escrever sobre um desejo que senti, de ver menos, de não perceber tanto
as coisas. Cheguei a ensaiar alguns movimentos, a fazer uma espécie de
exercício de diminuição da percepção, que sentia saturada. Fechei os olhos até.
Depois tudo voltou ao modo habitual de olhar, ou ao hábito do olhar habituado. Ou
quase, porque aquele lampejo ficou latente, e agora o acaso de uma leitura me
conduz a um verso que o confirma como intuição a ser ouvida.
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