Tenho marcadores aparentemente inúteis, vazios, ocos
de sentido. Às vezes vem-me o ímpeto de dar uma arrumada na casa, varrer o
entulho comunicativo. Mas logo em seguida já estou pensando em outra coisa,
esqueço o furor higiênico, para voltar a ele quando vou postar alguma coisa e
tenho dificuldade de me lembrar, num lance rápido, dos tais marcadores inúteis.
Alguns certamente podem estar sobrando, englobando outros (como na enciclopédia
chinesa de Borges), mas qualquer tentativa de ordenar, classificar, trai um
esforço racional que, em si, é apenas uma das faces que reconheço em mim,
forte, sem dúvida, esforçada o suficiente para dar sentido a imagens
disparatadas dos sonhos, quem sabe prevalecendo sobre as demais. Um colega de
filosofia me chamou de racionalista. Perguntei-lhe então, de modo até inocente,
como quem pede esclarecimentos a alguém que sabe mais numa dada matéria, o que
é um racionalista. Ele devolveu-me a pergunta, invertendo de forma irônica a situação.
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