quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Fernando Pessoa

Sim, por fim uma certa calma...
Certa ciência antiga, sentida
Na substância da vida,
De que não há acabar da alma,
Qualquer que seja a estrada que é seguida...

Fácil visão?
Crença de muitos? Não.
Que o que sinto tem diferença.
É uma vida, não uma crença...
Não é meu: é do coração.

Sol que atingiste o ocidente,
Sei que outro te tornarei a ver —
Um outro e o mesmo no oriente:
Tudo é ilusão, mas nada mente,
O Nada que é Tudo é o Ser.

Fernando Pessoa. Poesia 1931-1935. São Paulo, Companhia das Letras, 2009, p.256.

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