Cyclope from marine duchet on Vimeo.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
sábado, 11 de janeiro de 2014
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Emily Dickinson
Que o Amor é tudo que existe
É tudo que sei do Amor.
Isso é o bastante − o peso deve
Adequar-se ao andor.
That Love is all there is
Is all we know of Love.
It is enough, the freight
should be
Proportioned to the groove.
DICKINSON, Emily. Alguns poemas. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2008, p.194-195.
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Clarice Lispector
NÃO
SENTIR
O hábito
tem-lhe amortecido as quedas. Mas sentindo menos dor, perdeu a vantagem da dor
como aviso e sintoma. Hoje em dia vive incomparavelmente mais sereno, porém em
grande perigo de vida: pode estar a um passo de estar morrendo, a um passo de
já ter morrido, e sem o benefício de seu próprio aviso prévio.
Clarice Lispector. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro:
Rocco, 1999, p.32.
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
domingo, 5 de janeiro de 2014
três contos
Li os Três
contos de Gustave Flaubert, que
formam uma intrigante unidade. Sem dúvida "Um coração simples"
é o mais cativante — e mesmo de leitura imprescindível —, porque a personagem,
em sua trajetória de sofrimento e simplicidade, desmonta aquelas meia-ideias tipicamente
burguesas, facilmente identificáveis nas conversas. Aliás, conforme uma fala da “santa”
que surge ao final do filme “A Grande Beleza”, não se fala sobre a pobreza:
vive-se.
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