Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
sábado, 14 de maio de 2016
miopia grave
A miopia e o conservadorismo do grupo que tomou de
assalto o poder no Brasil encontram “a sua mais completa tradução” na extinção do Ministério da Cultura. Alguém poderá dizer que a ausência de
representatividade social no “novo” ministério é um sintoma pior, ou mais
contundente. O desprezo à cultura, no entanto, conceito dos mais complexos da
sociedade, de qualquer sociedade, traz em seu bojo os demais vícios da referida composição ministerial ― o macho adulto branco sempre no comando, para falar
junto com outra canção de Caetano.
quinta-feira, 12 de maio de 2016
apenas uma palavra - marcelino freire
“Dizem que sempre falta uma palavra e é verdade. Nesses anos todos eu sei que sim, que sempre
falta uma palavra, é verdade. Verdade.”
um país com mau humor
A maioria dos cartunistas do portal “a charge online”
agiram como moleques levianos diante da gravidade do momento. Uma exceção é a
charge a seguir, de Cláudio Paiva, publicada ontem.
"amor, essa palavra de luxo"
Em país de traidores, fica difícil rezar o “Pai-nosso”.
Bastaria o segundo mandamento, “amar o próximo como a ti mesmo.” Mas o próximo
é relativo, mutável, mutante. Num país sem face, amar é um luxo para poucos.
Citação: Adélia Prado, "Ensinamento".
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