Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
sábado, 22 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
quinta-feira, 20 de junho de 2013
"conversa afiada"
A Rede Globo — e Cia. Ilimitada — vai fazer de tudo
para capitalizar os protestos em benefício próprio, mirando-os, pela
manipulação, contra o PT e a presidente Dilma, e escamoteando o fato de que também é alvo dos protestos. Isso sem
falar na figura ridícula que atende pelo nome de Arnaldo Jabor.
domingo, 16 de junho de 2013
Herberto Helder: um idioma sem gramática (para o domingo)
A alimentação simples da fruta,
a sabedoria infusa,
as constelações ao alto zoológicas arquejando,
brutais
animais vivos, e à mesa de súbito o ar deslocado nas
palavras, como se
por cima do ombro respirasse a memória
assimétrica do mundo, e um idioma sem gramática,
uma rápida música descentrada,
fundassem tudo, e depois corressem
o bafo e o fogo.
Herberto Helder. Ofício cantante. Lisboa: Assírio &
Alvim, 2009, p.515.
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