Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
quinta-feira, 14 de julho de 2016
quarta-feira, 13 de julho de 2016
o walking dead eduardo cunha
"Qual o risco
dessa armação? Sim, ele mesmo. O walking dead Eduardo Cunha, sem apoio do novo presidente da Câmara,
verá irem por água abaixo seus planos de adiar sua cassação e pode resolver
explodir o quarteirão com todo mundo dentro, inclusive Temer." (do blog "o cafezinho")
Será que Eduardo
Cunha, com todo o espírito de corpo, digo, porco, digo, raposa, de que dispõe,
não previu que seria rifado? Não previu que, em terra de traidores, quem trai
por último, trai melhor? Cunha é aquele vilão excessivamente perverso contra o
qual uma hora as forças acabam se voltando. Ninguém domina um contexto por
muito tempo apenas com o uso do cérebro (no caso, um cérebro doentio).
domingo, 10 de julho de 2016
saturday night suburbano
Loucos passam acelerando e fazendo roncar suas motocicletas na rua em que moro, em
plena luz do dia. Eu gostaria de poder entendê-los, dentro dessa
dimensão ampla do que se chama “compreensão”, que inclui a bondade em relação
ao próximo. Mas não consigo. Então os chamo de “loucos”, modo preconceituoso de
nomear (no caso, um falso elogio) o que não se conhece. Não suporto barulho acima de
certo grau. E minha vizinhança vem se excedendo no barulho: as festas caretas
do saturday night suburbano,
incluindo aquelas voltadas para crianças, de estourar os tímpanos; o mais
novo bar-boteco da esquina, com um karaokê ofensivo aos ouvidos. Barulho acima
de certo grau ― cada uma sabe o seu ―, em áreas residenciais, é falta de educação.
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