SILENTIUM
Ainda não é nascida,
É só canção e poesia,
E está em plena harmonia
Com tudo o que é vida.
O seio da onda arfa em paz,
Mas como um louco brilha o dia
E a espuma pálido-lilás
Jaz no azul-névoa da bacia.
Que em meus lábios pairasse
A quietude original
Como uma nota de cristal
Pura desde que nasce!
Volve à poesia e a canção,
Sê só espuma, Afrodite,
Coração, desdenha o coração
Que com a vida coabite!
CAMPOS, Augusto de. Poesia da recusa. São Paulo: Perspectiva, 2006. p.114.
Nenhum comentário:
Postar um comentário