Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sexta-feira, 15 de junho de 2012

tom da saudade

O pássaro que me fez agradável companhia tem incomodado os vizinhos com seu canto noturno e fora de hora. Soube por acaso, quando chegava em casa no comecinho da noite do dia seguinte. Não lhe querem por perto, naturalmente. Enquanto isso eu, enquanto me despeço desta casa de que me mudo amanhã, encontrei nele o tom da saudade que não vou preciso mais sentir daqui.

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