Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

canção maravilhosa, interpretação perfeita de milton nascimento

Voa Bicho
Telo Borges / Márcio Borges

Ah, andorinha voou, voou, fez um ninho no meu chapéu
e um buraco bem no meio do céu
e, lá vou eu como um passarinho, sem destino nem sensatez
sem dinheiro nem pro pastel chinês
ah, andorinha voou, voou, fez um ninho na minha mão
e um buraco bem no meu coração
e, lá vou eu como um passarinho, como um bicho que sai do ninho
sem vacilo, nem dor na minha vez
ah, andorinha voa veloz, voa mais do que minha voz
andorinha faz a canção que eu não fiz
andorinha voa feliz, tem mais força que minha mão
mas sozinha não faz verão
(versão com Telo Borges)

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