Concebi este espaço como catarse de questões, em
última instância, subjetivas; ou seja: fossem sociais, políticas ou de outra
natureza, elas diriam respeito a mim, ao modo com que percebo e me coloco no
mundo, supondo inclusive a possibilidade de transformação subjetiva. Má catarse talvez. Agora percebo-me
refreando angústias, censurando sombras e medos, o que não equaciono como uma
boa transformação. Se não conseguir mais falar do que me diz respeito, não sei
se haverá caminhos para continuar.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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