Se bem,
como de uma prisão odiada e sofrida,
cada um de nós forceje por escapar de dentro
de si próprio, existe no mundo um grande portento
que sinto a cada passo: toda vida é vivida.
cada um de nós forceje por escapar de dentro
de si próprio, existe no mundo um grande portento
que sinto a cada passo: toda vida é vivida.
Quem a
vive então? As coisas que, no fim do dia,
jamais executada melodia,
permanecem como sons numa harpa armazenados?
Vivem-na os ventos das águas desatados?
Ou os ramos, com os seus gestos descompassados?
Ou as flores, com os seus aromas misturados?
Ou das aleias, o longo leito sombreado?
Ou os animais cálidos que andam sobre o chão?
Ou, pelo céu afora, as aves de arribação?
jamais executada melodia,
permanecem como sons numa harpa armazenados?
Vivem-na os ventos das águas desatados?
Ou os ramos, com os seus gestos descompassados?
Ou as flores, com os seus aromas misturados?
Ou das aleias, o longo leito sombreado?
Ou os animais cálidos que andam sobre o chão?
Ou, pelo céu afora, as aves de arribação?
Quem a
vive? És tu, Deus, que vives a vida então?
Rainer Maria Rilke: poemas. Trad. José Paulo Paes. São Paulo: Companhia
das Letras, 2012, p.69.
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