Um programa casual assistido no canal 113 falava da
arte moderna na Galeria Tate. Uma das instalações, Pharmacy, aparentemente sem
muito sentido ou graça, teve sua proposta sumariada por seu criador, cuja fala lançou
um interessante paralelo: as pessoas acreditam nos remédios vendidos em frascos
na farmácia, mas tendem a não acreditar na arte. Seria interessante inverter
essa relação — propôs ele: acreditar mais na arte e menos nos remédios.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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