“[...] as histórias são sempre maiores que nós,
aconteceram conosco e sem ter delas consciência fomos seus protagonistas, mas o
verdadeiro protagonista da história que vivemos não somos nós, é a história que
vivemos.” (Antonio Tabucchi, O tempo
envelhece depressa. Trad. Nilson Moulin. São Paulo: Cosac Naify, 2010, p. 95.)
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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